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Memórias e Estudos Fase II

Em Portugal, a libertação do campo de concentração do Tarrafal, ocorrida no dia 1.º de maio de 1974, apenas mereceu, no Diário de Lisboa de 3 de maio, na pág. 15 e sob o título "DL/Nacional", uma breve notícia baseada num telegrama da agência "Lusitânia" (ver imagem).

São também escassas as obras memorialísticas publicadas sobre a Fase II do campo de concentração do Tarrafal. Ainda assim, enumeramos aqui as conhecidas e sublinhamos que, após a libertação do campo, muitos dos presos participaram em iniciativas e entrevistas em que deram a conhecer o que ali se passara. Esperamos que se consigam recuperar alguns desses testemunhos.

Aceda, por ordem alfabética, aos documentos disponibilizados:

Memórias

Todos os poemas que constituem este caderno foram escritos no Campo de Concentração do Tarrafal, Ilha de Santiago, em Cabo Verde, nos anos de 1970 a 1973

Entrevistas com os escritores angolanos Uanhenga Xitu, António Jacinto, António Cardoso, Luandino Vieira

 

Ver https://www.tchiweka.org/biblioteca/b-04551

No âmbito da realização do filme documentário “Tarrafal, Terra Longe”, pelas produtoras Gamboa & Gamboa (Angola), Silvão Produções (Cabo Verde) e Real Ficção (Portugal), o Campo de Concentração do Tarrafal recebeu a visita dos ex presos políticos angolanos Luandino Vieira, Amadeu Amorim, Justinio Pinto de Andrade, Alberto Correia Neto, Jaime Cohen e Aldemiro Vaz da Conceição.
Há 61 anos, a 25 de fevereiro de 1962, reabria o Campo de Concentração do Tarrafal
Intervenção (excertos) de Justino Pinto de Andrade no Colóquio "Tarrafal – Uma Prisão, Dois Continentes", realizado na Assembleia da República, 2008
Durante os anos de cárcere, José Luandino Vieira coligiu um acervo de textos constituído por 17 cadernos. O processo de escrita destes Papéis tem como termos cronológicos e fronteiras espaciais a entrada no Pavilhão Prisional da PIDE em Luanda (1961) e a sua saída do Tarrafal (1972)

Preso no Tarrafal, "testemunha as suas vivências, umas positivas, outras amargas, traumas, expectativas, umas conseguidas, outras goradas, enfim, a dinâmica incessante das experiências da resistência que só os próprios conseguem descrever e transmitir.
O sentimento de pertença a um todo, a afinidade com os seus pares, as vicissitudes por que passaram, caracterizam a fibra de uma geração determinada a alcançar a meta nobre, a restituição da dignidade e honra ao Homem Angolano."
Ana Maria de Oliveira (do Prefácio)

Esta narrativa representa um aspeto específico da luta da resistência anticolonial em Cabo Verde e da repressão que conheceram

Entrevistas

A humanidade não tem nada de que se orgulhar com o Campo de Concentração do Tarrafal.
Excerto de entrevista a Luandino Vieira por Diana Andringa

Estudos

Nota da Autora:
"Este não é um livro de fácil digestão. Fomos educados num país que nunca soube viver a História senão como História Santa. E com silêncios e desresponsabilização se têm tecido muitos dos nossos desencontros com a História. Mas, atenção. Não sou partidária de uma concepção judiciária da história, não pretendo julgar quem quer que seja. Tal como outros, também eu me oriento pelo lema inscrito por Eça e Ramalho no pórtico das «Farpas»: 'Guerra aos Factos. Paz aos Homens'".
Dalila Cabrita Mateus

"Sinopse: No fundo, o que pretendemos é desenterrar do fundo do lodo da história e trazer à superfície, todo o sistema legal que então vigorava e que fazia funcionara máquina repressiva, matéria que poderá ser melhor compreendida pelo jurista e que talvez só tenha um interesse meramente escatológico para um terceiro observador. Acrescentámos porém o relato de factos de que tivemos conhecimento directo, porque entendemos ser de interesse que para a memória desses acontecimentos eles fiquem devidamente registados.

Os habeas corpus requeridos a favor de presos angolanos deportados para o Tarrafal e a sua transferência para outro campo no deserto de Moçâmedes, em Angola
O objecto principal da abordagem centra-se numa análise sobre as ilhas enquanto espaços e destinos de desterro e prisão durante o Estado Novo
O Estado Novo desenvolveu políticas concentracionistas que, através da exclusão e intimidação por tempo indefinido de sujeitos «problemáticos», definem um dos aspectos chave do sistema judicial do Estado Novo e a última fase do seu sistema prisional
A revolução portuguesa de 1974 provocou de imediato duas rupturas: a  libertação dos prisioneiros políticos e o desmantelamento da polícia política
«Kinaxixi Kiami» e «Estória de família (Dona Antónia de Sousa Neto)», novelas escritas por Luandino Vieira em 1971 e 1972 no Campo de Concentração do Tarrafal

Este é um livro de sofrimento e dor, de sangue e morte. Mas o ser humano é sempre capaz de vencer a dor e de sorrir para a vida. De modo que, aqui e ali, surgem episódios que acabam por desanuviar um ambiente demasiado pesado.
Dalila Cabrita Mateus

Estamos perante um notável trabalho de pesquisa e de recolha históricas, de extrema sensibilidade nas entrevistas e de aguda perspicácia na condução dos diálogos pela entrevistadora com os seus entrevistados. 

Pretende-se estudar, debater e propor uma estratégia de conservação a longo prazo das estruturas edificadas do antigo Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde

"A Colónia Penal do Tarrafal, criada durante o Estado Novo na ilha de Santiago, em Cabo Verde, foi estreada em 1936 com centena e meia de prisioneiros políticos vindos da metrópole, que era preciso afastar, enfraquecer e usar como lição. Embora as condições em que ali viveram — esses e todos os outros que ali foram encarcerados — sejam conhecidas (quase sem água, privados de higiene, doentes e sujeitos a torturas várias), nada melhor do que ouvi-las da boca de quem as sofreu na pele ou assistiu de perto a esse sofrimento.

Este trabalho tem por objectivo analisar o papel de um futuro Museu da Resistência no Tarrafal
Consegue recuar às origens da formação clandestina dos movimentos independentistas angolanos durante a década de 1950
Objeto de estudo: a intervenção dos militares portugueses no decurso da descolonização e transição para a independência em Cabo Verde, entre 25 de Abril de 1974 e 5 de julho de 1975
A análise geral dos debates organizados no Simpósio sobre o Terrafal permitiu extrair as seguintes Recomendações
Sentir o espaço, contar a história - Centro Interpretativo do Campo do Tarrafal em Cabo Verde
Local de memória comum de uma geração decidida a combater a opressão, a humilhação e a injustiça vividas durante o período de fascismo e de colonização
José Vicente Lopes dedica à Fase II do Campo, estudos e entrevistas a muitos dos presos encarcerados no Tarrafal a partir de 1961/1962
Proposta de valorização para o Museu da Resistência do Tarrafal